- Gisele Vidal
- 31 de jan.
- 5 min de leitura

Se você é um ser humano adulto no planeta Terra, possivelmente já se viu diante de decisões importantes para sua vida ou carreira.
O processo de decisão muitas vezes se parece com uma mistura de: “Acho que preciso fazer alguma coisa” vs. “Não tenho ideia nem por onde começar” vs. “Será que preciso tomar uma decisão agora ou posso esperar?”
Com foco na tomada de decisão na carreira, compartilho a seguir alguns dilemas comuns que recebo nos atendimentos e os impactos de adiar certas decisões. Os nomes foram modificados para preservar a identidade dos clientes.
Caso 1: O profissional que precisava desenvolver uma habilidade, mas nunca começou
Rafael era um excelente analista técnico, mas tinha dificuldades para se comunicar com clareza em reuniões e negociações. Sempre adiava trabalhar esse ponto, dizendo que "não era bom com palavras", que "o importante era fazer bem o trabalho", e que deixaria isso para depois.
Quando surgiu uma oportunidade de promoção para coordenador, ele não foi escolhido porque sua liderança duvidava da sua capacidade de se expressar e influenciar a equipe.
Caso 2: O profissional que estava em um ambiente tóxico e não saiu
Ricardo trabalhava em uma empresa onde o chefe desvalorizava seu trabalho e fazia críticas públicas constantes à equipe. Ele sabia que isso afetava sua autoestima e sua saúde mental, mas dizia para si mesmo que “nenhum lugar é perfeito” e que “sair agora seria muito arriscado”.
Só decidiu sair quando teve uma crise de ansiedade severa. Ao mudar para outra empresa, percebeu que poderia ter feito isso antes e evitado tanto desgaste.
Caso 3: O profissional que não negociou uma promoção e ficou estagnado
Paulo trabalhava na mesma empresa há oito anos, era excelente no que fazia e sonhava com uma promoção. No entanto, via colegas menos experientes sendo promovidos enquanto ele nunca pedia aumento ou uma nova posição. Sempre achava que ainda não estava pronto.
Dizia para si mesmo que “seu trabalho falaria por si”, que “se a empresa quisesse promovê-lo, já teria feito isso”, e que talvez “ainda precisasse melhorar alguma coisa”. O tempo passou e a estagnação virou frustração. Só depois de ver um amigo conseguir um cargo maior negociando diretamente com o gestor, percebeu que poderia ter feito o mesmo há anos.
Mas, se a tomada de decisão na carreira parece óbvia em alguns casos, por que ainda hesitamos tanto?

Os custos de adiar algumas decisões podem ser: ansiedade, desgaste mental e impactar a progressão da carreira e a satisfação geral.
Alguns dos motivos mais comuns para adiar decisões incluem:
1. Medo da mudança: receio do desconhecido e das consequências
Mudar de carreira ou tomar uma decisão profissional importante significa sair da zona de conforto – e isso pode ser assustador. Muitas vezes, o medo do que pode dar errado (como perder estabilidade financeira ou não se adaptar ao novo ambiente) faz com que as pessoas prefiram ficar onde estão, mesmo que insatisfeitas.
2. Falta de clareza: dificuldade de enxergar o que realmente quer
Sem uma visão clara dos objetivos profissionais, a indecisão se torna um ciclo sem fim. Muitas pessoas sabem que querem mudar algo, mas não conseguem definir exatamente o quê ou qual caminho seguir. A falta de autoconhecimento e reflexão sobre valores, interesses e habilidades pode levar a escolhas adiadas indefinidamente.
3. Síndrome do impostor: sensação de não estar pronto ou qualificado
Mesmo quando têm experiência e habilidades suficientes, algumas pessoas sentem que nunca estão prontas para dar o próximo passo. O medo de serem "descobertas" como incompetentes ou de não corresponderem às expectativas faz com que evitem assumir desafios. Assim, seguem esperando o momento perfeito – que muitas vezes nunca chega.
4. Paralisia por análise: excesso de informação e dúvidas sobre a escolha certa
Diante de muitas opções e variáveis, algumas pessoas ficam presas na tentativa de encontrar a decisão perfeita. Passam meses (ou anos) pesquisando, consultando especialistas, avaliando prós e contras, mas sem nunca agir. O excesso de análise acaba impedindo qualquer movimento, pois sempre há um risco envolvido.
5. Pressões externas: influência da família, sociedade e expectativas
Nem sempre a indecisão vem de dentro – muitas vezes, é alimentada por opiniões externas. A família pode pressionar por uma carreira segura, o mercado pode ditar que certas áreas estão em alta e os amigos podem parecer estar sempre à frente. Essas influências podem gerar culpa ou confusão, levando ao adiamento de decisões por medo de decepcionar os outros.
E quando adiar uma decisão pode ser positivo?

Adiar uma decisão sobre a carreira nem sempre é algo negativo. Em alguns casos, esperar pode ser estratégico e até necessário para fazer escolhas mais conscientes e alinhadas com seus objetivos.
Aqui estão algumas situações em que postergar uma decisão pode ser benéfico:
✔ Quando você ainda não tem informações suficientes Se a decisão envolve uma grande mudança (como trocar de área, aceitar uma proposta ou empreender), pode ser prudente adiar até que você colete mais dados. Isso inclui entender as oportunidades do mercado, conversar com profissionais da área e avaliar os riscos envolvidos.
✔ Quando a decisão é motivada apenas por emoções momentâneas Muitas vezes, sentimos vontade de pedir demissão ou mudar de carreira após um período de estresse ou frustração. No entanto, decisões tomadas no calor do momento podem não ser as melhores. Esperar um pouco pode ajudar a entender se o problema é pontual ou algo realmente estrutural.
✔ Quando você está investindo em um desenvolvimento importante Se você está adquirindo novas habilidades, completando um curso ou ganhando experiência relevante, adiar uma mudança pode ser estratégico para sair mais preparado e competitivo no mercado.
✔ Quando o timing do mercado não está favorável Se o setor no qual você deseja entrar está em crise ou há instabilidade econômica, esperar pode ser a melhor escolha. Isso permite fazer a transição em um momento mais oportuno.
✔ Quando sua vida pessoal está passando por mudanças importantes Se você está lidando com desafios como problemas de saúde, mudanças familiares ou outras transições importantes, pode ser melhor esperar para tomar decisões profissionais, evitando sobrecarga.
Em conclusão ...
Adiar uma decisão não é sempre sinônimo de procrastinação. Se a espera tem um propósito — como ganhar clareza, mais informações, adquirir experiência ou esperar o momento certo — ela pode ser estratégica.
O importante é garantir que a espera seja ativa, e não apenas um medo disfarçado de planejamento.
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